segunda-feira, 15 de março de 2010

15/03/10 - Seg: 263 km (120 km de rípio) - Estância Tercera Barranca > El Calafate + Travessia Rio Las Chinas

Estâncias

Lago Argentino

Roco

Torres Encobertas

Torres del Paine, Serras e Pampas

Hoje me despeço do Chile. Vou até a fronteira de Cerro Castillo para entrar novamente na Argentina. A próxima aduana será no Uruguai daqui a quase 4 mil km.
Ao sair da Tercera Barranca tenho que pegar um caminho diferente, bem mais curto, para ir direto à Cerro Castillo. O problema é que neste caminho tenho que atravessar o Rio Las Chinas, num lugar que não existe ponte. A gerente da estância olha para o meu carro e pela altura diz que dá pra passar. Bom, vinte e cinco minutos depois de sair da estância por este caminho mais curto, chego ao rio. Olho, olho e fico ali parado. O rio tem uns 20 metros de largura, leito de pedras e uma correnteza considerável. Essas águas de degelo carregam muitos sedimentos, o que dá o tom verde meio azulado da água do parque, e por este motivo não dá para enxergar a profundidade do rio. Levo uns 5 minutos pra tomar uma decisão. Estou me borrando, não há uma alma sequer num raio de quilômetros. As marcas de pneus na margem são um indício de que, pelo menos este é um rio atravessável, ou seja, não vai afundar repentinamente. O fundo de pedras também é um fator positivo, dá pra tracionar relativamente bem. Decido entrar alguns metros com o carro de ré (de forma que as rodas dianteiras ficam no raso) para analisar a correnteza sobre as rodas, a profundidade e o ângulo de inclinação do leito. Avanço uns 6 metros com a roda traseira e a água bate na metade da roda. Vai dar! Volto pra margem, viro o carro de frente, dou mais uma paradinha, faço uns 200 sinais da cruz e vambora. Até a metade da travessia tudo tranquilo com a água na metade das rodas. A partir daí a coisa começa a afundar... e vai descendo aos poucos, cobre 3/4 da roda, cobre a roda inteira, puta que la madre onde esse negócio vai parar?? Estou andando com as 4 rodas submersas e água por tudo quanto é lado, cortando o rio como se fosse um barco. Acelero um pouco mais para não entrar água no escapamento e acabar logo com esse negócio. O carro dá uma patinada de leve mas segue no curso. Logo depois o leito do rio volta a subir, deste lado de forma mais acentuada e, finalmente, vou saindo da água. Paro na outra margem e saio do carro com o coração disparado, saindo pela boca. De tão nervoso nem lembro de virar pra trás e bater uma foto do rio. Quero sair logo desse lugar. Antes de sair uma voz do mal me diz pra voltar e fazer tudo de novo, desta vez gravando um vídeo, afinal eu já sabia que era possível atravessar. Mas rapidamente uma voz do bem me diz pra sair correndo dali. Foi o que eu fiz.
Depois dessa, chegar em Calafate foi moleza. A aduana está sem filas e não demoro nem 3 minutos com a papelada. Foi tão rápido que fiquei um tempo ali fazendo amizade com o Roco, um filhote de cachorro que vive com os oficiais. Ao cruzar a fronteira para a Argentina há um atalho pela Ruta 40, de rípio, mas que corta 80 km do caminho e evita uma visita desnecessária ao vilarejo de Esperança. Entre trechos muito bons e muito ruins, a maior parte está boa e o atalho vale a pena.
Cerca de 40 km antes de Calafate há um mirante maravilhoso de onde pode-se ver o Lago Argentino e o nascimento do Rio Santa Cruz, que leva toda a água do Parque Nacional Los Glaciares ao Oceano Atlântico. Eu já havia cruzado este rio na ida descendo pela Ruta 3, com a Marina, um pouco antes da cidade Comandante Luiz Pedras Buenas. Inclusive enviei uma foto (dia 19/02) das águas esverdeadas que cortam cerca de 250 km de continente (nesta latitude é fácil cruzar a América), passando por Pedras Buenas.
Chego em Calafate e sem perder tempo já vou parando nos hotéis. Quero fazer logo meu trabalho para conseguir visitar as paredes gigantes do Glaciar Perito Moreno outra vez, a primeira foi no inverno de 2008, se der tempo.
Ufa, que dia! Não consigo dormir lembrando do rio. Lamento não ter registrado absolutamente nada. Essa foi pra eu aprender a ficar mais calmo.

Abraços,
PC

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