segunda-feira, 1 de março de 2010

01/03/10 - Seg: 528 km (118 km de rípio) - Tolhuin > Punta Arenas

Rípio Ruim

Desnível Perigoso

Estância Patagônica

Guanaco - Ovelhas

Hosteria Kaiken - Fagnano

De novo perdi a hora e o café da manhã. Tá difícil retomar o ritmo. O lado bom é que eu troquei o café da hosteria pelo da padaria La Unión, a mesma que passei com a Marina na ida. Comi as mesmas empanadas deliciosas e comprei galetitas para levar e comer no caminho. Foi o que me salvou na balsa do estreito de Magalhães, várias horas depois.

Saio de Tolhuin e continuo subindo pela Ruta 3 até a fronteira com o Chile em San Sebastián. Aos poucos as florestas vão sumindo e a estepe volta a predominar na paisagem. Meu plano era encher o tanque na fronteira pois a gasolina na Argentina custa metade do preço. Não deu... além de o posto estar fechado por falta de gasolina eu ainda tenho 118 km de rípio pela frente até chegar em Cerro Sombrero e 1/4 de tanque! Se eu não me perder vai dar. Passo pela aduana com bem mais facilidade do que na ida. A desorganização das autoridades tanto argentinas quanto chilenas é a mesma, mas há bem menos pessoas atravessando pois hoje é segunda.

O rípio está péssimo e muito perigoso. A cada veículo que passa no sentido oposto é uma chuva de pedras. Não fosse os meus dedos no pára-brisa certeza que já teria ganho mais um trinco. A pista irregular faz o carro e tudo que está dentro pular feito pipoca, tenho que ir a menos de 50 km/h. Outro perigo são as altas valetas (desníveis) que ficam ao lado da pista de rípio em alguns pontos. Se alguém escorregar e cair nelas é capotagem na certa. O jeito é ir bem tranquilo curtindo a paisagem da Terra do Fogo. Muitos animais cruzando a pista: raposas, guanacos, cavalos e ovelhas. As estâncias também são um charme a parte, geralmente uma série de casas (unidades da estância) pintadas da mesma cor e com o telhado vermelho ou azul.

A travessia do Estreito de Magalhães é mais tranquila hoje, venta um pouco menos. São 19h e estou morrendo de fome. As galetitas da La Unión são a salvação. No posto que eu parei em Cerro Sombrero (com a luz da reserva acesa há vários quilômetros) não tinha nem uma água pra vender e ainda só consegui colocar 18 litros de gasolina pois não aceitavam cartão de crédito e nenhuma moeda estrangeira. Não tenho outra escolha, o tanque está zerado. No fim das contas pago um câmbio bem injusto e consigo 18 litros a 100 pesos! O suficiente para chegar em Punta Arenas no bafo novamente.

Estou de volta ao continente, a terra do fogo já ficou para trás. Com 15 minutos de estrada vejo um senhor pedindo carona. Não sei o que me deu na hora mas resolvi parar para ajudar o cidadão. O coitado estava tentando chegar em Punta Arenas para acompanhar o filho de 13 anos que precisava de uma cirurgia no apêndice urgente. No caminho ele recebe uma ligação que o filho já havia sido operado e estava tudo bem. Ufa. Nessas horas eu me pergunto, será que o fato de eu ter acordado mais tarde nesta manhã não foi simplesmente porque tinha que ser assim? Bom, eu acredito muito nisso: nós sempre estamos no lugar certo, na hora certa. Se você pensa que está atrasado talvez seja porque Deus tenha outros planos para você, está te protegendo de algo ou fazendo com que você participe de uma sequência de eventos num universo totalmente conectado.

Chego tarde em Punta Arenas, não dá pra ter uma idéia de como é a cidade. Consigo um lugar barato com restaurante e internet. Vou ficar por aqui mesmo.

Até amanhã,
PC

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